A MESA

"(...) Comer
guarda tamanha importância
que só o prato revele
o melhor, o mais humano
dos seres em sua treva?"
Carlos Drummond de Andrade em "A Mesa"

sexta-feira, 23 de maio de 2014

COMIDA ÁRABE EM GRANDE SERTÃO: VEREDAS

CARDÁPIO

* "Carne moída com semente de trigo"
KIBBEH  (kibe) - Bolinho de carne de cordeiro moída com trigo  (bulgur).
KIBBEH NAYE  (kibe cru) - Carne moída crua com trigo (bulgur).

* "Outros guisados"

* "Recheio bom em abobrinha ou em folha de uva" abobrinha recheada ou charuto
MEHSHI - Vegetais recheados com carne picadinha ou moída. Em algumas receitas usa-se a carne misturada com arroz no recheio. O mais comum é usar berinjela, abobrinha, folhas de uva, de couve ou repolho.

*  "aquela moda de azedar o quiabo - supimpas de iguarias"
BAMIA (Okra o Gombo) - É o nosso quiabo. Fresco ou em conserva, é servido como acompanhamento de carnes e frango.

* "Os doces, também"
LOKUM (loukoum, loukoumi, Loukoum, turkish delight) - Doce de origem turca, cujo nome original completo é "rahat lokum", que se difundiu por todo o mundo, sendo muito apreciado. Antigamente, chamava-se de Lokum a uma grande variedade de doces turcos, a maioria deles elaborados a base de açúcar e cremes, conhecidos, também, por “delícias turcas”. Com o tempo, a denominação de Lokum se restringiu a um único produto - uma espécie de geleia cortada em cubos e recoberta com açúcar de confeiteiro, feita de amido, açúcar e água. Um processo especial durante sua elaboração lhe confere uma textura suave e elástica. Pode ter vários aromas e cores. O mais tradicional é rosado e aromatizado com água de rosas. Algumas receitas incluem frutos secos picados, como nozes, avelãs ou pistache. É um quitute fino, muito usado em festas, para presentear ou para receber convidados.
MAZAHER - Destilado não alcoólico de flor de laranja - água de laranjeira. Usado no preparo de doces e sobremesas como a macedônia e laranja com canela, etc... Água de flor de laranjeira.
MÂ EL WARD  - É um destilado de flor de rosas, muito aromático, usado no preparo de doces. Água de rosas.

TEXTO

"Aí namorei falso, asnaz, ah essas meninas com nomes de flôres. A não ser a Rosa'uarda -  môça feita, mais velha do que eu, filha de negociante forte, seo Assis Wababa, (...) - ela era estranja, turca, eles todos turcos, (...) diversas vêzes me convidou  para almoçar em mesa. O que apreciei - carne moída com semente de trigo, outros guisados, recheio bom em abobrinha ou em folha de uva, e aquela moda de azedar o quiabo - supimpas iguarias. Os doces, também. (...) Tôda a vida gostei demais de estrangeiro."


João Guimarães Rosa, em "Grande Sertão: Veredas" p. 110, 2º edição: Livraria José Olympio

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